A linha de pesquisa Cultura, Patrimônio e Memória entende o Patrimônio Cultural e a Memória Social como o conjunto de objetos culturais, materiais e imateriais, reconhecidos como portadores de significados identitários de determinado grupo social.

Assumimos as referências da História Social da Cultura, também entendida como História Cultural das práticas sociais, que utiliza do conceito antropológico de cultura como o processo de construção e significação simbólica dos objetos materiais e imateriais incorporados à experiência humana.

Diversos estudos históricos apontam que os objetos do patrimônio cultural são historicamente construídos, transformados e operados pelos agentes sociais tendo em vista a produção ou reprodução das memórias sociais. Assim entendemos como patrimônio cultural os objetos culturais selecionados por determinado grupo social como representativo do seu passado comum.

Investigações históricas também mostram que, para consolidar e difundir as memórias sociais, os agentes selecionam lembranças que levam a esquecimentos. Assumimos a memória social como o conjunto de representações operadas pelos agentes sociais e instituições políticas para a construção de uma representação do passado.

Com base nesses conceitos de Cultura, Memória e Patrimônio - e a relação entre eles - a linha de pesquisa investiga a historicidade dos processos de seleção de objetos culturais, a sua transformação em patrimônio cultural, e a construção, transformação e representação da memória social das comunidades, dos objetos e processos historicamente constituídos.

Considerando que as práticas de patrimonialização e de musealização são historicamente determinadas as pesquisas da linha buscam identificar a estreita relação existente entre a seleção de objetos como patrimônio cultural e as disputas por hegemonia entre as diversas representações do passado.

Nos interessam projetos de pesquisa que explorem temas como:

a) A análise das características particulares de bens do patrimônio cultural e/ou da memória social – cidades, territórios, edificações, paisagens, festas, rituais ou coleções entre outros – focando sua historicidade, seu processo de significação, formas de transmissão, de seleção.

b) O estudo do papel desempenhado pelos objetos do patrimônio cultural e/ou memórias sociais – narrativas do passado, objetos da cultura material ou manifestações populares – na construção das identidades de grupos sociais como comunidades locais ou étnicas e suas manifestações tradicionais, entre outras.

c) A análise das políticas públicas e ações de grupos sociais voltadas a preservação do patrimônio cultural e da memória social – artefatos, práticas, festas, coleções, sítios históricos, entre outros – e suas implicações na produção e reprodução das representações sociais sobre o passado e a construção das identidades sociais.

d) Analisar os processos de patrimonialização e musealização, tais como o tombamento, o registro de bens culturais, a criação de museus e a promoção de políticas públicas, práticas de conservação, documentação, pesquisa e comunicação dos bens culturais realizados em diferentes suportes e instituições.

e) Descrição dos agenciamentos e representações do patrimônio cultural em instituições museais, processos de musealização e de educação patrimonial, analisando as violências simbólicas que estimulam tanto o esquecimento, quanto a construção de memórias e a reelaboração de pertencimentos.

f) Estudo das relações entre as práticas e representações do patrimônio cultural, do Estado e do campo acadêmico, analisando a própria constituição do campo patrimonial no Brasil em suas diversas vertentes.

Sinteticamente a linha se interessa em pesquisas ancoradas na História Cultural em suas diferentes abordagens teóricas e estratégias metodológicas que tenham o Patrimônio Cultural e a Memória Social como objeto de reflexão teórica ou mesmo como campo de intervenção.