No Brasil, desde a década de 1980, pesquisadores recortam temas de pesquisa incorporando referências teóricas e estratégias metodológicas oriundas da área da História e da Educação para pensar o que seja a particularidade do Ensino de História.

Sinteticamente podemos dizer que o campo de investigação do Ensino de História se apropria de marcos teóricos e metodológicos utilizados pela pesquisa histórica para pensar como transmitir a percepção dos processos temporais. Busca referências para utilizar as fontes históricas, a crítica documental, a diacronia e sincronia no contexto do ensino. Busca desenvolver estratégias e materiais didáticos que potencializem a difusão dos conhecimentos sobre o passado das sociedades para o público não acadêmico.

Ao mesmo tempo, busca ferramentas conceituais e analíticas do campo da Educação para entender os processos de formação do sujeito social e de seleção curricular. Com essas referências problematiza e interpreta os processos educativos formais e não-formais desnaturalizando práticas e problematizando seus resultados formativos.

Mas o campo do ensino também se apoia em referências de outras áreas do conhecimento. A exemplo, da Psicologia cognitiva busca teorias explicativas dos processos cognitivos capazes de elucidar como se dá apropriação do conhecimento. Da Antropologia cultural e da Arqueologia traz o conceito de cultura para perceber o processo de construção das práticas educativas. Da Sociologia da Cultura incorpora o debate sobre a cultura escolar, assim como os estudos da reprodução cultural feitos pela sociologia da educação.

Frente a esta amplitude de abordagens faz-se importante delinear os recortes possíveis de se constituir em projeto de pesquisa em Ensino de História no interior de um programa de pós-graduação em História que tem como área de concentração a História Social da Cultura Regional.

Uma primeira abordagem pertinente se constitui na problematização dos conteúdos de História inseridos no contexto escolar e não-escolar. São investigações sobre os currículos escolares, mas também das narrativas sobre o passado propostas por museus, livros, filmes e outras práticas e suportes.

Uma segunda abordagem é a reflexão sobre as estratégias e recursos didáticos para a transmissão das informações históricas (mas também de outras disciplinas das humanidades como sociologia, filosofia, artes e literatura na sua interface com o currículo de história) no contexto escolar e não-escolar. São problematizações sobre a prática docente, os materiais didáticos, as estratégias de ensino utilizadas na escola, nos museus e outros espaços de difusão do conhecimento histórico. Neste aspecto são importantes os estudos sobre a metodologia da Educação Patrimonial, as reflexões sobre a educação em Museus, as novas tecnologias da comunicação e as diferentes linguagens para o ensino da história.

 

O campo do Ensino de História também olha para a história do ensino de história em estreito diálogo com o campo da História da Educação. Aqui percebe-se os significados e objetivos (explícitos ou ocultos), dos conteúdos e dos métodos de transmissão do conhecimento histórico em diferentes contextos temporais e sociais. Assim se pergunta o que foi ensinar história em determinado momento histórico. Mas também que significou ensinar história para determinados grupos sociais.

De forma ampla podemos indicar que os projetos de pesquisa sobre o Ensino de História, ligado ao tema da História Regional, selecionam temas da historiografia regional e desenvolvem estratégias didáticas que os valorizem. O que pode ser feito pela sua localização e inserção no cenário da história nacional e geral. Mas, sobretudo, pela valorização desses temas da história regional, em contexto escolar e não-escolar, como elementos de formação identitária dos grupos sociais.

Esta linha tem como temas de pesquisa:

  1. Currículos de ensino de história em diferentes níveis e modalidades de ensino;

  2. Ensino escolar de história;

  3. Ensino de História em espaços museológicos;

  4. Ensino de história e produção de identidades sociais;

  5. Mídias, Novas Tecnologias e material didático para ensino de História;

  6. Ensino de História em EAD;

  7. Metodologia do ensino e fontes documentais;

  8. A diversidade cultural e sua transposição didática;

  9. Construção de material didático através dos documentos históricos;

  10. A Educação patrimonial nas escolas.